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Serviços: fácil ou difícil de contratar?

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Após utilizar parte do final de semana com o início da leitura da obra “Falando de Serviços – um guia para compreender e melhorar os serviços em empresas e organizações”, de autoria do professor Kleber Nóbrega, de imediato surgiu a ideia da indagação da semana: você já parou para analisar com que frequência contrata um prestador de serviços? E a contratação tem sido fácil ou difícil de fazer? Quais os critérios que você utiliza para contratar? A indicação é considerada um item importante na escolha do profissional?
Quem nunca reclamou ou até mesmo ouviu reclamações a respeito da dificuldade de contratação de um prestador de serviços? É comum o cumprimento de prazos pelo prestador contratado? E o estabelecimento do preço do serviço, tem sido algo padronizado ou existe grande variação e utilização de critérios diversos?
Quando iniciei a leitura da referida obra tinha a percepção de que prestar um serviço seria oferecer “algo” que envolvesse certo conhecimento técnico, cobrando-se “algo” justo e que justifique a solução dada àquele que o contratou. Além disso, também tinha a impressão de que somente profissionais liberais, como advogados, médicos, engenheiros, arquitetos, jornalistas, dentistas, administradores, dentre outros, poderiam ser considerados os verdadeiros prestadores de serviços.
Na verdade, de acordo com os conceitos até então extraídos, considerando que o serviço, diferentemente de um produto, que é aquilo que se consegue pegar, você sente, a percepção daquele que recebe será decisiva. Outrossim, diferentemente do que imaginava, até mesmo os comerciantes e lojistas, que costumeiramente são apontados como aqueles vendedores de bens, dificilmente não possuem incorporados ao seu negócio uma importante prestação de serviços. Afinal, o ato de venda é um prestação de serviços, a forma de entrega também deverá ser entendida como uma prestação de serviço, o seu padrão de cobrança também, dentre outros.
No entanto, embora ainda esteja na parte inicial do livro, fácil já foi perceber que as universidades precisam se adaptar, urgentemente. Até porque, como exigir de um advogado, que não recebe durante a sua formação qualquer ensinamento direto a respeito do conceito de serviço, excetuando naturalmente a disciplina contratual, que consiga prestar um serviço jurídico de qualidade, que descreva facilmente o seu mix de serviços ou até mesmo que saiba cobrar, de maneira justa, pelos serviços que presta.
Apesar das entidades de classe, no caso dos advogados, a Ordem dos Advogados do Brasil e suas respectivas Seccionais, disponibilizem uma tabela padrão com a indicação dos valores mínimos a serem cobrados e os tipos de serviços existentes, percebe-se claramente a dificuldade no dia a dia não apenas para prestação de um serviço de modo profissional como também para o estabelecimento do seu preço.
Nos últimos anos, apesar de ainda não possuir os referidos conceitos, passei a adotar como forma de cobrança a apresentação de uma proposta escrita, apontando três principais itens: (a) o serviço a ser prestado; (b) os honorários fixados; e (c) a regra geral de pagamento, na qual estabeleço uma vinculação direta com etapas processuais.
Mesmo assim, tem sido comum enfrentar situações em que se torna difícil não apenas apontar quais os serviços serão efetivamente prestados e, como consequência, como deverá ser procedida a cobrança de cada um deles.
Acredito que é exatamente por isso que, quando contratamos um serviço de um encanador, de um eletricista, de um marceneiro, é bastante comum, principalmente quando pedimos orçamentos, a enorme variação dos preços. Além disso, certa dificuldade no estabelecimento dos prazos e, principalmente, no seu cumprimento.
A partir daí, fácil é perceber porque a contratação de um serviço não tem sido tarefa fácil. Afinal, se até mesmo os profissionais liberais com formação universitária têm dificuldade em descrever, estabelecer prazo e preço do serviço que irá prestar, imagine aquele prestador de serviços de pouca ou até quase nenhuma formação, que aprendeu a prestar um serviço assistindo alguém fazer e, pela necessidade de sobrevivência, passa a ser um prestador de serviço.
Considerando que vivo da prestação de serviço e ainda estou no início da leitura do livro, posso transmitir o seguinte conselho: àqueles que irão contratar um serviço, tenham um pouco de paciência, a formação da maior parte dos profissionais não permite um conhecimento mais amplo a respeito do tema. Àqueles que prestam ou irão prestar um serviço, tenham atitudes rápidas e busquem a qualificação, pois, sem dúvida, o mercado encontra-se aberto às contratações e está ficando cada vez mais exigente.

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