Após
iniciar uma nova etapa em busca de um importante objetivo – o mestrado em
administração – e, em que pese o vínculo profissional e a formação jurídica,
passei a enfrentar o dia a dia com um olhar totalmente diferente daquele que
costumava. Afinal, além das disputas judiciais, das consultas jurídicas e dos
ensinamentos aos alunos na área de direito civil, inclui em minhas leituras os
conceitos de administração.
Vale
salientar que, embora na condição de gestor de uma empresa prestadora de serviços
jurídicos, função que naturalmente impõe a tomada de decisões e medidas próprias
da área de administração, nunca havia recebido sequer treinamentos voltados ao
tema. No entanto, em decorrência da afinidade com advocacia empresarial, a
origem das empresas, os desafios vividos pelos empresários e as histórias de
empreendedorismo sempre despertaram interesse. Até porque, dúvidas não existem
de que as pessoas de sucesso sempre deverão servir como fontes de inspiração.
No
último final de semana, após alterar o fuso horário na tentativa de cumprir as
exigências de uma das disciplinas do curso de mestrado, deparei-me com a luz do
sol nascendo e a necessidade de fazer algo que muito gosto: a corrida de rua. Considerando
que clima de Natal, em decorrência das características da região, não permite a
realização de exercício físico após às 8h da manhã, exatamente às 6h, após um
verdadeiro passeio durante a madrugada pelos conceitos de Logística
Empresarial, tênis, calção, camisa e relógio de pulso se tornaram os meus
companheiros.
Sabedor
de que a violência na cidade não permite uma corrida na rua e sem qualquer
cuidado específico, optei por fazer o trajeto, que estava planejado para ser de
5km, dentro do condomínio. Acredito que, em razão da noite voltada para os
estudos na área de administração, estava mais sensível a observar os
acontecimentos e vinculá-los a aquilo que havia buscado em boa parte da noite.
Foi
exatamente nesse instante que me deparei com uma figura que, após 5 (cinco)
minutos de conversa, passei a identificá-lo como o JARDINEIRO EMPREENDEDOR.
Apesar da curta vivência na área de administração, porém baseado nas histórias
de empreendorismo antes lidas, tinha em mente que empreender é adotar atitudes
que desperte o interesse para a compra de um produto ou serviço. Extraindo-se o
conceito do dicionário Dicio, empreender é “conseguir ou tentar fazer (algo
muito difícil)”.
Naquele
instante, após haver percorrido o primeiro quilometro, foi recebido com um bom dia
de um jardineiro que, em que pese a evidente limitação intelectual, demonstrou uma
verdadeira lição de empreendedorismo, apesar do dia ainda está apenas
começando. Há alguns anos, o mesmo recebe uma quantia mensal para prestar
serviço de limpeza das piscinas de algumas casas do condomínio e, como eu era
novato no local, embora já houvesse contratado os referidos serviços, ainda não
tinha conhecimento das demais habilidades daquele que conhecia como um simples
jardineiro.
Foi
exatamente naquele horário da manhã que fui questionado se poderia ser
acompanhado durante a corrida pelo jardineiro, que estava em sua bicicleta. Com
a concordância, vieram alguns questionamentos pouco importantes, no entanto,
logo em seguida, o empreendedorismo daquele homem simples ficou evidenciado.
Como
somente havia contratado os serviços de limpeza de piscina, o mesmo veio a
apresentar o seu “mix de serviços”, dentre eles a jardinagem, a lavagem de
carros, a responsabilidade por passear com os animais e a faxina, alertando
ainda que, se necessário, também faria churrasco e até mesmo desempenhava a
função de garçom.
Confesso
que fiquei espantado como uma pessoa com evidente limitação de estudos,
ausência completa de técnicas de administração, porém muita disposição para
sobreviver do trabalhado de prestador de serviços, aproveitava aquele curto
espaço de tempo, no início da manhã, para, de modo suave e até mesmo natural,
prospectar um novo negócio, ampliando as possibilidades de sua contratação. O
mais interessante mesmo é que, logo que consegui cumprir a minha meta de
exercício e estar convencido de que ampliaria a condição de tomador de
serviços, percebi que ele se despediu e, em seguida, deu início a uma nova
conversa com o vizinho, que iniciava naquele instante a sua caminhada.
A
grande lição que aprendi é que, de agora em diante, passarei a chamá-lo de
jardineiro empreendedor e que, partir de agora, aproveitarei mais as
oportunidades para divulgar o meu “mix de serviços”.
Gostei do texto! Excelente Kelsen!
ResponderExcluirObrigado pelo apoio...
ExcluirÉ isso mesmo, Kelsen. Assim como o jardineiro empreende na área dele, você agora apreende também no mundo digital. Parabéns pelo belo começo!
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo, Professor Kleber...
ExcluirLeitura agradável e incentivadora. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado Gustavo... Tê-lo como leitor aumenta ainda mais a minha responsabilidade.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigado, Primo...
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