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SEGURANÇA: será que um dia voltaremos a ter em Natal? E no Brasil?

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Como já escrevi em outra oportunidade, ao escolher seguir a carreira de advogado, tacitamente aceitei a condição de não ter férias de 30 (trinta) dias e, ao tirá-las, não permanecer na cidade em que vivo, fazendo coisas que não venham envolver trabalho. Afinal, sempre tive em mente que, estando em Natal, o trabalho faz parte da minha rotina e deixar de ir ao escritório é quebrá-la sem um motivo que justifique.
No último dia 20 de junho, tive a oportunidade de sair da cidade, porém não me desligar do que permaneceu ocorrendo no escritório, no diário da justiça e, principalmente, no dia a dia de alguns clientes. Portanto, posso dizer que não tirei bem umas férias, no entanto, fiquei alguns dias sem ir ao escritório, ao Fórum e ao Tribunal.
No entanto, o importante motivo não poderia ser desprezado. Uma reunião familiar para comemoração do aniversário de um dos principais integrantes - meu pai -, com direito à presença de todos os adultos (pai, mãe, filhos, noras e genro). Eramos dez integrantes.
Como a ideia de viagem foi à Europa e o país escolhido Portugal, saímos com a certeza de que comeríamos bem, beberíamos bons vinhos e viveríamos momentos inesquecíveis.
De fato, foi exatamente o que ocorreu. Bom papo, muitos risos, algumas cantorias e grande diversão. Tenho a certeza de que vivemos momentos indescritíveis e que ficarão marcados na memória de cada um dos integrantes do grupo. Valeu demais a companhia de todos.
Embora tenha em alguns momentos ficado ligado com o que ocorria por Natal e naturalmente saudoso por não possuir os filhos por perto, fiquei observando qual o motivo de somente em uma viagem como essa, para fora dos país, é que faço coisas impensáveis na nossa cidade. Daí haver surgido a indagação da semana: quando será que vou fazer isso em Natal? E você deverá estar perguntando: isso o que?
Andar pela rua, por exemplo. Acredito que nos quase 9 (nove) dias que permaneci fora do país andei à pé, em horários variados do dia e da noite e para destinos diversos em pelo menos 4 (quatro) cidades. Interessante que cidades de pequeno, médio e grande portes.
Outro dado que também merece ser registrado é que poucos foram os policiais que vi na rua e, o principal, nenhum incidente ou até mesmo situação de risco foi enfrentada. Ou seja, aquela sensação de segurança que há alguns anos desfrutávamos em Natal, parece que atualmente somente temos quando saímos da cidade ou até mesmo do país.
Confesso que sofro quando tenho a referida constatação. É a impressão de que, com o tempo, ao invés de evolução, tivemos uma involução, na medida em que perdemos um direito constitucional básico de ir e vir, naturalmente acompanhado de segurança.
Vivi os meus primeiros 20 anos de vida morando em uma casa, brincando na rua e com pouca preocupação com o que hoje chamamos de violência. Atualmente, para ter um pouco da sensação de que estamos seguros, temos que viver em condomínios, evitar correr na rua, ter cuidado ao sairmos para um restaurante à noite e não parar em um sinal de trânsito após às 22h. Andar de carro com os vidros baixos passou a ser motivo de temor até para os nossos filhos.
Algo de errado aconteceu com o nosso país e, por consequência, com a nossa cidade. Será que falhamos na política, na segurança, na educação ou na saúde? Ou em todas essas áreas?
Vejo que algo precisa ser feito para que daqui há alguns anos possamos recuperar a sensação que antigamente tínhamos e que nos permitia andar a pé, ir à uma farmácia em qualquer horário, frequentar os restaurantes à noite e respeitar as leis de trânsito, parando em um sinal após as 22h.
E não adianta afirmar que o problema se limita à área da segurança. Estabelecer uma nova forma de fazer política, impor aos pais a obrigação de colocar e manter os filhos na escola, incentivar o esporte nos bairros, combater o comércio ilegal de drogas, colocar a polícia na rua, prender e manter presos aqueles que infringem as leis. Em síntese, diversas são as medidas imediatas para que possamos recuperar nossos direitos mais básicos.
Pelo menos a ideia que temos é que, caso nada venha a ser feito, a tendência é o agravamento da situação, circunstância que acabará impondo outras limitações aos nossos costumes. Afinal, tem sido comum àqueles que possuem uma condição financeira diferenciada, promover a blindagem dos veículos, contratar seguranças, não sair de casa à noite e, o pior, incluir nos planos de vida morar fora do país, fugindo assim da onda de violência. 
Ainda há tempo de fazer algo para mudar a realidade do nosso país...

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