Durante a semana que se passou, um
fato específico foi notícia e poderá mudar a história do país. A emissão de uma
CARTA do vice-presidente da República para a Presidente da República foi o
suficiente para alterar o tema de todos os noticiários, fazer o clima no
Congresso Nacional literalmente pegar fogo e, o principal, direcionar o assunto
em todas as rodas de amigos, no trabalho, nos bares, nos restaurantes, nas universidades,
nas redes sociais, nos programas de rádio, dentre outros.
Lógico que sem querer debater o
momento político, econômico e jurídico pelo qual passa o país, como sempre
tenho costumado fazer, gostaria de apresentar uma indagação: quem chegou a ler
a tão falada CARTA? Em caso positivo, o que achou do seu conteúdo?
Confesso que fiquei curioso com a
rapidez com que a notícia circulou em todos os grupos de WhatsApp, com as charges
criadas, com o anúncio da venda de um CD, com a carta na voz de Cid Moreira,
enfim, como o tema tomou conta de tudo e de todos. O assunto da semana do país
veio a ser a CARTA.
Cheguei inclusive a imaginar que seria
o fim do e-mail, a diminuição das mensagens no WhatsApp, a redução do uso das redes
sociais, a retomada das visitas às agências dos correios, a aquisição de selos
e envelopes, a necessidade reinstalação dos telefones fixos. Ou seja, o Brasil
do ano 2000, início de uma década em que a internet se consolidaria e passaria
a ser utilizada por um elevado número de pessoas.
Ao fazer a leitura da curta, porém,
significativa CARTA do vice-presidente da República para a Presidente da
República, perdoe-me aqueles que pensam de modo diverso, não extrai nada do que
já se sabia no meio político, econômico ou até mesmo jurídico. Acredito
inclusive que o trecho mais significativo foi o inicial, no qual, o autor da
CARTA assim externou: "Verba volant,
scripta manent" (As palavras voam, os escritos permanecem)”.
Na era da tecnologia, da rapidez das
informações, uma CARTA voltou a ter o seu valor. Será que o vice-presidente da
República aproveitou o período de natal e a antiga tradição de remeter uma
carta para o papai Noel? Se sim, a grande diferença é que nas cartinhas
remetidas ao papai Noel, geralmente são inseridos pedidos de presentes e, no
caso específico da famosa CARTA da semana, isso não chegou a ocorrer. Pelo
menos, expressamente.
Outro detalhe que também chamou a
atenção guarda relação com o fato da própria destinatária, através da sua
assessoria, haver se encarregado de promover a ampla divulgação, em que pese o
conteúdo poder ser considerado o início de uma nova era.
No entanto, independentemente das conclusões
políticas, a mais importante conclusão que poderá ser extraída é que, as
mensagens escritas em papel, ainda continuam possuindo o seu extremo valor.
Como dito pelo emissor da carta “As palavras voam, os escritos permanecem.” É
uma verdade...
Documentar os fatos ainda é considerado
uma excelente maneira de eternizá-los. Afinal, com o tempo e especialmente na
era de avanços tecnológicos, em que os assuntos são tratados de modo rápido e
superficial, com poucos contatos pessoais, diretos e mínima leitura, as
palavras literalmente voam e desaparecem, tornando-se despercebidas, enquanto
tudo aquilo que foi objeto de um registro, com toda a certeza, tende a
permanecer na história.
Diante do cenário atual e independente
o objetivo ou até mesmo o conteúdo da CARTA, interessante lição dada pelas duas
maiores autoridades de país que, embora demonstrem claramente o distanciamento
e a diversidade do propósito político, declaram expressamente que pretendem
entrar para a história, na medida em que resolveram levar ao conhecimento
público um fato que, certamente, caso não tivesse sido documentado através de
escrito oficial ou não, porém, que veio a ser intitulado como CARTA, poderia
ter ser resumido a uma simples ligação telefônica, a uma mensagem via WhatsApp
ou até a um recado, levado por um assessor, apresentado a outro assessor, que
certamente não daria tamanho alcance e importância.
Em síntese, apesar dos avanços e dos
novos costumes do mundo, não deixem de documentar os principais fatos da sua
vida. Afinal, eis uma importante forma de eternizá-los.
E para aqueles que não tiveram a
oportunidade de ler a famosa CARTA, segue caminho mais curto: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/leia-integra-da-carta-enviada-pelo-vice-michel-temer-dilma.html
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