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Embora não tenha certeza de qual será a sua interpretação ao
promover a leitura do título do presente artigo, especialmente pelo fato do
responsável pela sua elaboração não possuir experiência profissional no campo
criminal, os acontecimentos dos últimos dias impõem certa reflexão sobre
assunto.
Pelo que tem sido relatado por especialistas, a crise no
sistema prisional brasileiro não poderá ser considerada uma novidade. Há muito
tempo se fala em superlotação, em ausência de políticas públicas que
proporcionem a recuperação do apenado, em dominação dos presídios pelas
chamadas facções criminosas, em livre entrada e saída de substâncias
entorpecentes e celulares. Ou seja, o Estado, enquanto ente maior responsável
pela administração do sistema, perdeu o controle.
Chegou-se a ponto de instalar bloqueadores de celulares, pois
os responsáveis pela administração dos presídios brasileiros assumiram que não
detêm força para impedir o acesso e o uso de celulares.
A partir da referida conclusão, dúvidas não existem de que
algo precisa ser feito. Afinal, acredita-se que todos os cidadãos de bem, que
lutam diariamente de forma honesta para sobreviver e garantir a sobrevivência de
sua família, deverão ter alguma ideia de medidas a serem tomadas para
solucionar o caos criado.
Fortalecer a educação dos jovens para evitar que optem por
enveredar no mundo do crime; incentivar a participação no esporte, ocupando
assim o corpo e a mente; tornar rígido o tratamento dado aos presos;
possibilitar julgamentos mais céleres; criar programas que incentivem a
reabilitação do apenado; combater o comércio de drogas no país, enfim, as
opções são infinitas.
Entretanto, um fato específico que vem acontecendo nos
últimos dias, especialmente em razão as rebeliões ocorridas nos presídios
de Manaus, Roraima e agora do Rio Grande do Norte, tem chamado bastante
atenção. A rapidez e a forma como as informações têm sido veiculadas através
das mídias sociais, dentre elas facebook, twitter, whatsApp e blogs.
Verdadeiras ou não, tem se recebido fotos dos possíveis
cadáveres decapitados, vídeos supostamente gravados por presos ou até mesmo
pessoas envolvidas na administração dos presídios, número de mortos
completamente diferentes, charges com autoridades públicas que estão à frente
dos órgãos responsáveis pela adoção de providências destinadas à contenção da
crise; brincadeiras relacionadas a times de futebol, dentre outras.
A partir daí, indispensáveis as seguintes indagações: a quem
interessa esse tipo de notícia? Você já chegou a repassar alguma notícia desse
tipo, mesmo sem a preocupação com a confirmação da veracidade? É do seu
interesse receber vídeos ou fotografias demonstrando a morte cruel de alguém? É
verdade que ao receber diversas mensagens a respeito do tema, acompanhada do indicativo
de elevação do risco, a população tende a imaginar que a violência está
generalizada e que passou a ser desaconselhado até mesmo sair casa?
Em síntese, as pessoas instruídas e possivelmente formadoras
de opinião têm um papel extremamente importante de evitar a propagação do
citado conteúdo nas redes sociais. Afinal, embora a situação do sistema prisional
deva ser considerada gravíssima e caótica, as divergências em relação ao número
de mortos, feridos e possíveis fugitivos, certamente tem atrapalhado os órgãos
públicos responsáveis por controlar a crise, na medida em que, além de
dificultar possíveis investigações, tem servido para aterrorizar toda a
população.
Hoje mesmo uma mensagem circulou no whatsApp apontando que o
Estado do Rio Grande se encontra em alerta, devendo a população não sair de
casa. No entanto, considerando se tratar de mensagem que vem sendo veiculada em
diversos grupos, sem qualquer comprovação da veracidade, temos dúvida se
podemos acreditar no seu conteúdo.
Portanto,
considerando que o momento é de atenção não apenas no Rio Grande do Norte, como
em todo Brasil, não é demais sugerir a todos que evitem compartilhar
informações não oficiais, especialmente quando não se tenha a certeza da sua
veracidade e, por consequência, que objetivos existem inseridos nos referidos
textos.
Que o Estado reassuma a condição de responsável pelo Sistema Prisional.
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